Para o STJ, financeiras são partes ilegítimas em caso de defeito em veículo financiado

Para o STJ, financeiras são partes ilegítimas em caso de defeito em veículo financiado

10/09/2020
COMPARTILHE

Recentemente, o Reis Advogados obteve êxito em Recurso Especial (REsp. n.º 1.807.610 – SP, de relatoria do Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva), defendendo os interesses de instituição financeira, no qual foi reconhecida a ilegitimidade passiva da instituição financeira em processo que se discutia vício no veículo adquirido pelo consumidor junto à revendedora. Nesse caso, apenas o contrato de compra e venda foi rescindido, cabendo ao vendedor do veículo indenizar o consumidor por todos os transtornos causados, mantendo-se inalterado o contrato firmado com a instituição financeira.

O contrato de compra e venda, ainda que verbal, é celebrado junto aos comerciantes de veículos usados, vendidos nas popularmente chamadas “garagens de carros”, bem como nos “feirões do automóvel”. Esse contrato produz efeitos entre o vendedor e o comprador, gerando a obrigação do primeiro de entregar o carro e, do segundo, de pagar o preço correspondente.

De acordo com dados da Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores (Fenauto), hoje é muito expressivo o comércio de veículos seminovos, especialmente entre os chamados veículos usados “jovens” – aqueles com 4 a 8 anos de uso –, sendo que os seminovos (com 0 a 3 anos) têm o menor índice de saída. Este cenário torna necessário diferenciar o contrato de financiamento bancário do contrato de compra e venda de automóvel.

Ainda que nessas duas relações haja incidência do Código de Defesa do Consumidor, para o STJ, não se aplica o art. 18 do CDC, porque o vício está no contrato de compra e venda, do qual o banco não participou. Portanto, não há relação de acessoriedade entre o contrato de compra e venda de veículo e o de financiamento bancário com alienação fiduciária.

O Superior Tribunal de Justiça (STJ), responsável por dar a última palavra a respeito da legislação infraconstitucional, consolidou seu entendimento de que a instituição financeira que concede o crédito para aquisição de veículo em contrato de alienação fiduciária não é parte legítima para responder ação de desfazimento da compra e venda decorrente de defeito no veículo.

Rodrigo Toler, é advogado especialista em Direito Bancário e Processo Civil. Pós graduando em Advocacia no Direito Digital e Proteção de Dados.


Mais artigos

Artigo do advogado Rodrigo Cuano publicado no ConJur

Artigo do advogado Rodrigo Cuano publicado no ConJur

LEIA MAIS
STJ decide sobre remuneração advocatícia

STJ decide sobre remuneração advocatícia

LEIA MAIS
Legal Design: metodologia que facilita compreensão da linguagem jurídica

Legal Design: metodologia que facilita compreensão da linguagem jurídica

LEIA MAIS
Desenvolvido por: intervene.com.br